"TRADUTTORE, TRADITTORE..."
O verso, se traduzido,
passa por duras penas:
pode perder o sentido,
por uma palavra apenas.
Tirei de "barrento" a Vida,
transformando o barro em pó;
a tradução, redimida,
não se encontra mais tão só.
O verso, esterilizado,
sem água com que viver,
há finalmente encontrado
o que antes quis dizer.
(Barcelona, 16.6.2005)
SONHOS
("Dreams", de Langston Hughes)
(Tradução de Luiz Carlos Monteiro Nogueira)
(Ao Mestre)
Guarda teu sonho na Vida,
pois se ele te deixar,
tua Vida, ave ferida,
nunca mais há de voar.
Guarda do sonho, o alento,
pois por ele abandonado,
serás um campo poento
sob a neve, congelado.
(Barcelona, 16.6.2005)