Parágrafo III (de uma carta para Silvija)
Sempre me entristeço quando esqueço de ser feliz.
É como não andar por não lembrar das pernas;
não ver, por ter esquecido os olhos.
É como deixar o sol atrás das montanhas
e produzir uma longa noite que não devia ser.
(Dacca, Bangladesh, 23.9.1976)
Alquimia
Lapida teu poema mas não muito pois podes matá-lo,
afugentando o sentimento que lhe dá vida.
O verbo é diamante duro e bruto, concordo.
Há que trabalhá-lo, mas ao poeta alquimista
cabe menos tirar da palavra que lhe dar mais Poesia.
Não se requer tanto a técnica quanto o espírito na mágica dos versos.
(Dacca, Bangladesh, 16.9.1976)