Noite. Agosto. 1969.

Era uma vez Marlene triste,

daquela tristeza azul-veludo

que a gente gosta de deixar certas pessoas,

não mais que as certas, acariciarem.

Era a mesma vez,

Jô, Marlene e eu no Jardim da Glória,

 na cidade pequena que mora nas montanhas,

 nas montanhas grandes que separaram o mar das Minas.

E quando nós dois acariciamos a tristeza azul-veludo de Marlene,

ela suspirou, tristinha:

"Deixei todas as minhas filosofias em casa..."

Mentira dela, não foi, Jô?

 

(Dacca, Bangladesh, 28.1.1977)

 

É Inverno em Roma

E eu me cansei de estar só!

Nunca foi tão fria a solidão

 e o chuvoso cinzento dos dias diz bem do que sinto.

Que doído  é ser poeta do inverno em Roma...

 

(Roma, 12.1.1977)