A FELICIDADE

Ser feliz, tanto quanto um direito, é um dever de cada um. Esse sentimento de serena alegria que aquece  carinhosamente  a alma de quem o alcança resulta, como tudo na Vida, de causas específicas, talvez mensuráveis.

Seria possível estabelecer, então, uma equação que revelasse o mecanismo da Felicidade?  Quem sabe poderia ser assim:

F = I x A

         E

onde “I” seria a individualidade, as características do sujeito; “A” representaria suas ações, atitudes e, “E”, suas expectativas na Vida...

Cada um de nós é um universo único, agindo e reagindo de forma singular, de acordo com nossas virtudes, defeitos, conhecimentos. De forma nem sempre consciente,  interagimos no meio em que vivemos. Cada uma de nossas ações ou reações terá sempre conseqüências para outros e para nós mesmos.

“Quem” nós somos, como pensamos e atuamos, são representados na equação como os fatores “I” e “A” que resultam ter um caráter multiplicador, entre os dois.

Quem semeia seus grãos no campo, tem o direito de esperar que germinem. Seria sábio, no entanto, quem  de todos esperasse colher? A Vida ensina que não. Quanto maiores forem nossas expectativas, assim serão nossas desilusões, celeiro de tristezas. Por isso, é preciso cuidar de que o fator “E” seja, sempre o menor possível sem, no entanto, resvalar para o pessimismo.

É fundamental, para quem quer ser feliz, tentar encontrar a Felicidade em sua busca, mais no  plantio das sementes e menos na colheita de seus frutos, mais na alegria do caminho e menos na satisfação do chegar.

O dever de ser feliz resulta do entendimento de que colhemos quase sempre, à nossa volta, o que plantamos ao nosso redor. Além do mais, tanto quanto a não-felicidade,  a Felicidade contagia e, como se fosse um vírus, tem potencial pandêmico. 

Nós a encontraremos, mais facilmente, na mão que usarmos para oferecê-la.

 

(Barcelona, 12.6.2005)

 

VERGONHA!

“Corrupção: ato ou efeito de corromper – decomposição, putrefação. 2. Devassidão, depravação, perversão.” O Dicionário do Aurélio não deixa dúvidas sobre a natureza da tragédia em nosso País.

O mal terrível que assola nosso meio político e administrativo  não é recente nem apenas brasileiro. Entretanto, o que assusta é a dimensão do problema nos três poderes da União e âmbitos federal, estadual e municipal.

A lassidão das leis leva à podridão dos costumes. Nossos legisladores legislam em causa própria, quando tratam de proteger os criminosos com textos legais que não os levem à cadeia.  Os costumes, corrompidos, ditam leis ainda mais lassas, fechando o vicioso círculo. 

Seus pares, no executivo e no judiciário, executam e fiscalizam à sombra  das convenientes “leis” em vigor e, como seus associados no legislativo, se locupletam com as riquezas roubadas ao país. Seguros da impunidade, usam e abusam das benesses do poder.

Tamanha a desfaçatez dos hipócritas que, quando a imprensa acende uma vela no quarto escuro e traz aos olhos públicos pequena parte do corpo gangrenado, se unem furiosos, a exigir que não se investigue, não se puna!

 

Caia sobre eles todos a maldição dos tempos! Serão punidos, ao menos quando eles mesmos, renascidos, forem obrigados a viver na imundície social por eles criada, no passado.

Se os eleitores tiverem mais respeito por seus próprios votos, quem sabe escolherão pessoas menos indignas para conduzir o País, o Estado, o Município? É nossa única esperança. Enquanto isso não acontece, resta-nos a vergonha.

 

(Barcelona, 10.6.2005)