NÓS, BRASILEIROS.

A cultura dos colonizadores deixou na alma do povo que habita esse país maravilhoso chamado Brasil, de imensos recursos naturais, sem grandes cataclismos, uma triste herança: a idéia de explorar, explorar, explorar!

Como se os recursos fossem inexauríveis e como se devêssemos tirar as riquezas de dentro de nossa casa ao invés de enriquecê-la.

Como se a vida de cada um fosse a vida de cada um apenas e não um elo, um degrau, um fator a ser acrescentado ao todo, à vida nacional.

Como se não devêssemos produzir e criar riquezas não apenas para os curtos períodos da vida de cada um mas para a posteridade, nossos filhos, netos e seus filhos e netos.

Quando seremos Brasileiros? Quando iniciaremos o replantio das matas e florestas que destruímos nos primeiros séculos de desvairada ocupação e exploração, salvando-as da ganância de estrangeiros e da nossa?

Quando protegeremos as fontes, riachos e rios da poluição das indústrias, de nossos descasos cotidianos?

Quando aprenderemos a nos orgulhar da Família Brasileira, respeitando e fazendo respeitar seus símbolos visíveis como a Bandeira, Hino, Moeda, Instituições, Constituição?

Quando deixaremos de ser um amontoado de "espertos" desejosos de levar vantagens uns sobre os outros e passaremos a ser um grupo unido em benefício de todos?

Quando faremos reviver os sagrados valores da Família, de respeito aos mais velhos e mais novos, de veneração aos antepassados? Quando seremos dignos do Brasil?

 

(Bangkok, 7.8.1998)

 

A MULHER, A MÃE, A FAMÍLIA

A adoração ao bezerro de ouro do consumismo pagão  cresceu no rastro poluente da revolução industrial. E lá se foram pelo ralo da história os frágeis valores espirituais da existência que ainda teimavam resistir.

O homem deixou de consumir para viver, passando a viver para consumir. As "forças de mercado" inventaram necessidades onde elas não existiam, criaram neuroses onde havia equilíbrio, resultando desejo onde havia satisfação.

Pai e Mãe, em seus respectivos principais papéis de provedor e educadora, pilares do edifício chamado Família - onde se abrigavam e aos filhos - viram-se na contingência de, o primeiro, reconhecer-se incapaz de, sozinho, pagar as contas das tais necessidades e, a segunda, de deixar o lar para trabalhar por serviço remunerado. E Belzebu sorriu... ele e seus 44.435.536 demônios!

A mulher,  conquistando há algumas décadas seus direitos à educação, ao voto e à profissionalização, promoveu a revolução feminista. Sucesso relativo já que, se por um lado é inegável a justiça dos direitos que adquiriu, houve conseqüências nefastas pelo uso atabalhoado das então descobertas prerrogativas.

Conquanto a mulher tenha - mais ainda que direito - o dever de educar-se, votar e trabalhar onde e para quem bem entenda, a maternidade jamais deveria ter sido relegada a segundo plano, como foi. Os resultados, cruelmente visíveis, têm sido a derrocada da Família, o abandono dos filhos à própria sorte (desdita) e a infelicidade profunda de todos os seus integrantes. Valeu a pena?

Toda mulher, ao decidir  constituir Família, deveria a esta dedicar-se, em tempo integral. Seu afastamento do trabalho assalariado teria ainda desdobramentos benéficos sobre a renda familiar. Com oferta maior de empregos, seu marido teria acesso a salários melhores e, desnecessário dizer, a presença  novamente da mulher em casa resultaria em redução de despesas para a Família.

A maternidade e suas responsabilidades domésticas não são apenas tarefas difíceis. São, acima de tudo, a missão mais importante e digna que poderia ser atribuída a um ser humano pois depende de seu sucesso o futuro da humanidade. Ser Mãe  e educar seus filhos torna a mulher criatura mais próxima de Deus do que do homem.

Os jovens, eles próprios, têm reconhecido que o que mais tem prejudicado sua formação é a falta de orientação no lar. Deveríamos nós, os adultos, reconhecer que tomamos uma trilha errada e que precisamos voltar ao bom caminho que deixamos, lá atrás? Talvez seja uma insensatez  afirmar que "esta é a família moderna" e que "não há como voltar ao passado" pois isto equivaleria dizer que, se alguém toma uma estrada errada, dolorosa e que leva ao precipício, nada há a fazer senão prosseguir, teimosamente, rumo à queda final. Errar é um direito, Insistir no erro, não.

 

(Barcelona, 12.02.2005)