A ESPERANÇA, QUEM SABE?

A campanha para as eleições presidenciais de 2006 já está nas ruas e, como em 2002, ameaça oferecer aos eleitores brasileiros os mesmos dois candidatos: o do pt e o do psdb.

Nas últimas, o candidato do pt, após receber 45,8 % dos votos, foi eleito presidente da República. Seu adversário, com 28,95 %, foi quase vencido pelos 25,25 % dos eleitores que, desiludidos e sem candidato, votaram em branco, anularam ou deixaram de votar!

Não era sem razão tamanho descrédito. O candidato que, apesar de receber minoria dos votos possíveis foi empossado, demonstrou desde então inapetência e incompetência para o cargo. Seu partido, conforme as últimas revelações, mergulhou o País num lamaçal de corrupção e fraudes.

O outro, do psdb, não faria melhor. Este, tanto quanto o pt, está envolvido até o pescoço nos escândalos descobertos. São gêmeos univitelinos. 

Não é possível, custa crer que não exista no Brasil um punhado de políticos honestos, capazes e dispostos a impedir que – novamente – os eleitores tenham que escolher entre o zero e o nada! A Nação não merece isso.

As agências mafiosas de publicidade que ajudam os maus políticos a enganar os eleitores, vestindo de inocentes cordeiros hienas famintas deveriam, desta vez, calar-se.  Os partidos deveriam ter um mínimo de critério na escolha de seus representantes, evitando que o Povo  venha a cair nas mesmas armadilhas.

Aí quem sabe, sem medo da felicidade, os brasileiros possam ter, como há muito não têm, o direito de votar em um candidato digno e a esperança de não serem novamente traídos.

 

(Barcelona, 30.10.2005)

 

AS DUAS TAÇAS

Em todo coração há duas taças: uma vazia e a outra, cheia. A que está vazia deve estar sempre disponível para o melhor vinho que um amigo possa oferecer. A que estiver cheia deve conter sempre o vinho melhor que se tenha a oferecer a um amigo.

Em todo coração existem duas mãos: uma sempre disposta a estender a taça vazia ao amigo que oferece o vinho e, a outra, estendendo ao amigo a taça cheia do vinho que queremos ofertar.

Em todo coração há dois olhos: um sempre aberto aos gestos às vezes tímidos dos amigos que desejam compartir suas almas e, o outro, cuidando sempre de perceber as necessidades de afeto e compreensão dos amigos.

Em todo coração há duas razões: uma que diz que estamos certos e outra que quem está certo é o amigo que discorda da gente.

Em todo coração há dois momentos: um em que se deve visitar o silêncio do encontro com a gente mesmo e o outro, em que todas as atenções devem estar voltadas para o encontro com os amigos.

Em todo coração há uma história que tem sempre dois finais possíveis: um feliz pela certeza de que todo o caminho percorrido foi o da oferta e outro, triste por insaciado de amor.

 

(Barcelona, 27.10.2005)