NAWAB ALI KHAN (I)
Quando o conheci, em 1975, ele tinha dez anos e dormia na calçada em frente ao Intercontinental Hotel em Dacca, Bangladesh. A primeira palavra que dele ouvi foi “bokshiche”, um pedido de esmola. Era pobre entre os pobres, num dos países mais miseráveis do mundo, que há pouco havia emergido de sangrenta guerra de independência.
Com ele, dormiam na calçada outros meninos, entre os quais Syed e Rahman, da mesma idade. Sempre que saía para caminhar no Ramna Park, ao lado do hotel, eles me pediam dinheiro, o que me aborrecia. Consegui que entendessem que não deviam fazê-lo pois eu os ajudaria, mesmo se não o fizessem. Assim e aos poucos, fui honrado por eles que passaram a me tratar de “Amar Bondhu” ( Meu Amigo).
Certa vez, numa de minhas caminhadas pelo Ramna Park – quase sempre acompanhado pelos meus novos amigos – fui abordado por um traficante, tentando vender sua droga. Nawab pegou em meu braço e me afastou do estranho. Lembro de suas palavras: “Bondhu, bahlo na!” (Amigo, ele não é bom!). Gestos como esse, de preocupação e solidariedade para comigo, deixaram em minha alma, para sempre, o reconhecimento do valor daquela pequena criatura, um pobre menino de rua com alma de rara nobreza.
Valor que, aliás, está gravado em seu nome: “Nawab”, de origem árabe, quer dizer “ vice-rei, príncipe” na língua urdu e deu origem à palavra “nababo”, com que os portugueses identificaram os luxuosos hábitos dos marajás indianos, no século XVI. “Ali Khan (Aga Khan)", ademais, é o nome de famoso príncipe e líder dos ismaelitas e pai do príncipe Karim Aga Khan, seu herdeiro e a quem conheci em recepções, naquela época, em Dacca.
Hoje, Nawab terá passado dos quarenta anos e, desde 1978, quando deixei Bangladesh, não tive mais notícias dele. Que seus Anjos da Guarda tenham velado por ele todos esses anos! Que ele tenha crescido forte e com saúde! Que muitas outras pessoas, como eu, possam ter tido e ter ainda, o privilégio e a honra de conhecer meu “Príncipe” Nawab Ali Khan!
(Barcelona, 11.6.2006)
DIGA “NÃO”!
Nos últimos anos o Povo brasileiro se deu conta – horrorizado – de quanto o País caiu nas mãos de quadrilheiros, corruptos, políticos profissionais. Os sucessivos escândalos revelaram a podridão do poder e o poder da podridão que tomou conta da República.
As próximas eleições representam a chance de cada eleitor dar um basta às quadrilhas que assaltam impunemente os cofres da Nação. Os mensaleiros, sanguessugas e outros paridos no executivo, protegidos pelo judiciário e absolvidos por seus pares no legislativo, representam afronta inaceitável ao clamor do Povo, traído por seus eleitos.
O famigerado PCC (quadrilha cujos chefes, apesar de presos, paralisaram S. Paulo recentemente, mandaram assassinar quarenta e seis policiais e causaram incalculáveis prejuízos à imagem do País no exterior) tem seu homônimo político: é o PCB ("primeiro comando de Brasília", de onde os quadrilheiros, livres e poderosos, assaltam e envergonham o Brasil).
Na hora do voto, lembre-se dessa gentalha toda e do mal que eles têm feito! Compareça para votar e ANULE seu voto! Se mais de cinqüenta por cento dos eleitores fizerem isso, eles (os do PCB) terão que convocar novas eleições. E, enquanto não forem apresentados novos e dignos candidatos, repita seu gesto de protesto. É a única chance de livrar o País dessa corja de malfeitores!
(Barcelona, 27.5.2006)