MAL DE AMOR
Que Mal de Amor já sofri,
Para ficar triste assim?
Terá sido o Amor por ti,
Que nunca sofreu por mim?
Por que Mal de Amor passei,
Para querer ser tão só?
Terá sido o Amor que dei,
A quem não me amou, sem dó?
O Mal de Amor que me dói,
No fundo do coração,
Não é a mágoa que rói
A alegria em meu viver;
É muito mais a ilusão
Que perdi, ao te perder.
(Rio de Janeiro,9.1.2007)
MENINO DA RUA
Era Natal, e eu te encontrei dormindo
Sobre o cimento frio da calçada.
Pobre criança! Que sonho tão lindo
Luzia em tua face amargurada?
Era Natal, e não tinhas sequer
A manjedoura para agasalhar-te.
Sozinho do homem e da mulher
De origem, parecias conformar-te
Com a dura sina de abandonado.
Mas era Natal, e um Anjo Amigo
Guiou meus passos, levou-me ao teu lado.
Chamei o teu nome, sorri, sorriste,
Brinquei contigo, brincaste comigo!
E o nosso Natal ficou menos triste.
(Bangkok, Tailândia, 16.2.1986)