AMOR, LOUCO AMOR

Prometo não te amar eternamente,

Já que tanto pode, afinal, ser pouco;

Te amarei sim, como se fosse louco,

No desvario de ser teu, somente!

 

Prometo, mais que tudo, ser contente,

E à Razão fazer sempre ouvido mouco,

Pois o Amor não tem juízo, e tampouco

Quer saber de ser triste e coerente.

 

Prometo, Amor de todas minhas vidas,

Amar-te com paixão das já perdidas,

E a doçura das virgens nunca amadas!

 

Assim quem sabe me amarás também,

E serei teu sonho, e serás meu bem,

Nossas mãos e almas entrelaçadas!

 

(Rio de Janeiro, 12.04.2007)

 

CEGOS

Os olhos mostram o mundo

e nos iludem com ele:

o raso parece fundo,

parece nosso o que é dele.

 

Cada um, sua verdade,

cada qual, seu julgamento;

não há, na humanidade,

dois com mesmo pensamento.

 

Os olhos abertos cegam,

os olhos cerrados vêem,

naqueles que não se negam

 

a ver com olhos fechados,

tesouros que os outros têm,

mas não podem ser tocados.

 

(Rio de Janeiro, 22.2.2007)