DO AMOR

Pequeno o amor que pode ser medido,

fonte que seca nas mãos do sedento;

é negado quando mais pretendido

 e quando a mesa é farta, é alimento.

 

Triste amor que nunca está preparado

para suportar a própria tristeza;

é sorriso que morre, pois guardado;

feiúra que nasce aos pés da beleza.

 

Maldito o amor travestido em dinheiro:

presente aqui mas ali, passageiro;

logo tem asas de infidelidade.

 

O Amor só será bom quando bendito,

ou parecendo feio, for bonito,

e sendo fugaz, for eternidade!

 

(Beirute, 18.3.1979)

 

SONETO DE AMOR

Enquanto o encontro é véspera do adeus,

o anúncio da saudade é o Amor.

Foi quando me encontrei nos olhos seus

que me perdi, qual abelha na flor.

 

Amar é sempre a morte de quem ama,

é renascer no amor do ser amado;

dor que não se sente, fogo sem chama,

alegria triste, canto calado.

 

Porque tudo na vida é passageiro,

não seja meu Amor por toda a vida,

que o quero mais, que o quero inteiro!

 

Seja para mim o Amor mais bonito,

o Amor que é riqueza jamais perdida,

o Amor de um cão, fiel, infinito. 

 

(Barcelona, 30.1.2005)