AMOROSAMENTE
Se eu disser que não te amo, não creias;
Se eu falar que vou embora, tampouco;
Se, às vezes, nossas brigas são tão feias,
Sozinho, sem ti, ficaria louco!
Se eu quiser seguir tão só, não me deixes,
A menos que estejas sempre ao meu lado;
Senão, faltaria água aos meus peixes
E, ao meu céu, teu sorriso iluminado!
Se eu disser “adeus”, estarei fingindo,
Pois nunca se esquece o amor verdadeiro,
E quem diz que assim faz, está mentindo.
Se eu mandar que tu partas, fica perto,
Até nosso momento derradeiro,
Até que mares vivam no deserto!
(M. de Valença, 13.7.2010)
CICLOS
Agora que o tempo se foi em minha vida,
Que o passado vai distante e o futuro perto;
Agora que a lembrança da infância querida
Brinca de esconder entre dunas no deserto;
Agora é o momento de contemplar, sereno,
A inevitável esfinge que se chama morte,
E tentar decifrá-la e de fazer pequeno
Seu grande mistério de ser azar ou sorte.
Fui feliz? Trouxe para alguém felicidade?
Amei e fui amado com paixão e zelo?
Dei e recebi o tesouro da amizade?
As respostas decidirão qual meu destino
Após fechar os olhos e por fim, revê-lo,
Deixando de ser velho, para ser menino.
M. de Valença, 3.7.2010