UMA HISTÓRIA DE AMOR
No dia em que entraste em minha vida,
Trazias nas mãos imensa ternura,
A paz nos olhos, há tanto perdida,
E em tua voz, melodia e doçura.
Chegaste mansamente, sem alarde,
Como quem chega à sua própria casa;
E, ao partir, sem que mesmo fosse tarde,
Ficaste em mim, como calor na brasa.
O tempo passou, sem que tu passasses,
Sem que a lembrança se perdesse em mim,
Como se, ainda hoje, tu me amasses.
Ai de mim, teu poeta apaixonado,
Que outro Amor não tive tão belo assim,
Que outro Amor não terei tão bem amado!
(M. de Valença, 12.12.2008)
O Sol se entristeceu ao ver um dia
Que amara tanto a quem não devia:
A Lua, ensolarada, mais luzia,
Mas amar o Sol, não lhe comprazia.
O Amor trata assim quem nele confia:
Cega de ilusão, cerca de magia,
Priva de juízo e, com maestria,
Transforma em dor, do amante a alegria.
Amar e ser amado, que ironia
Ser tudo aquilo que eu mais queria,
Ao buscar calor em tua alma fria.
Talvez o Amor, suprema fantasia,
Seja apenas ilusão que se cria
No coração que, triste, silencia.
(M. de Valença, 1.11.2008)