INVASÃO DE POESIA
A Casa Léa Pentagna organiza amanhã na antiga Rua dos Mineiros, no centro de Marquês de Valença, atividade cultural que decidiu chamar de “Invasão de Poesia”, com a finalidade de despertar nos jovens e nem tão jovens o gosto pela arte poética.
Quando o mundo se vê mergulhado em materialismo sem limites e o ser humano resvala para comportamentos cada vez mais violentos e egoísticos, a proposta daquela fonte cultural não poderia ser mais oportuna.
A sede de Beleza do povo é grande, embora às vezes não pareça e as pessoas nem mesmo se dêem conta.
Quem sabe a Poesia que invadir a rua não consiga alcançar seu objetivo maior e tomar de assalto os corações dos que por ali passarem?
Quem sabe seu toque mágico faça que vibrem cordas esquecidas nos espíritos apressados, revelando-lhes cores nunca percebidas, sons jamais ouvidos e perfumes antes não sentidos?
Afinal, talvez tudo valha a pena, ainda que somente uma pessoa desperte da letargia dos sentimentos e, na concha enluarada das mãos do poeta, beba da Poesia ofertada.
(Rio de Janeiro, 29.3.2007)
A VACA NO BREJO
Quando criança, aprendi que – quando uma situação estava se tornando muito grave e fora de controle – se podia dizer: “assim, a vaca vai para o brejo”.
Os crimes hediondos se sucedem por todo o país, diariamente, e as “autoridades” (?!) não só não tomam as providências necessárias como insistem em negar ao Povo, que as elegeu e/ou as sustenta, o direito de ver corrigido tamanho descalabro.
Cada vez, numa sucessão de horrores, a sociedade se revolta e exige reforma das leis excessivamente brandas para com os criminosos, brandura que funciona como incentivo aos seus atos, pela impunidade de que os reveste.
Toda vez, levantam-se as vozes das tais “autoridades” para repetir, numa hipocrisia sem limites, que “não se deve mudar lei alguma sob o domínio da emoção causada por um crime”. Ora, bolas! Essa “emoção” já dura pelo menos vinte anos e lista inumeráveis casos de atrocidades, monstruosidades cometidas contra crianças, velhos, mulheres e homens honestos que tombaram vítimas de seus algozes, protegidos pelos “defensores dos direitos humanos”, dos criminosos, claro.
É mentiroso o argumento de tais “defensores” de bandidos, de que o agravamento da punição não diminuiria o número de crimes. Na Tailândia, por exemplo, onde o Código Penal prevê pena de morte ou prisão perpétua para autores de crimes hediondos, a segurança patrimonial e física dos cidadãos é exemplar. Lá, país de cultura budista, onde morei muitos anos e onde nasceu e se formou meu Filho , o homem não é o “selvagem inocente” dos românticos ocidentais. Selvagem, sim, mas responsável por seus atos e, por isso, menos inclinado a cometer seus crimes.
Aqui, o presidente petista teria tido o desplante (segundo noticiário de hoje) de orientar senador de seu partido no sentido de impedir a aprovação, na Comissão de Justiça, de projeto que reduz a maioridade penal para 16 anos, no que foi obedecido.
Na Câmara dos Deputados, “celebra-se” a aprovação de proposta estabelecendo que preso condenado por crime hediondo precisará cumprir dois quintos (menos da metade!) da pena para ter direito ao regime semi-aberto! Fingem não saber, os “eleitos”, que o correto seria acabar de vez com regime semi-aberto para perigosos facínoras. Pretendem não ter tido conhecimento de que o chefe da quadrilha que esquartejou o menino João Hélio, arrastando seu corpo por sete quilômetros de suplício estava “cumprindo pena em regime aberto”, ou seja, em liberdade! Canalhas, como se pode estar preso e em liberdade, ao mesmo tempo?!
Da segurança pessoal em nosso país, se vaca fosse, se poderia dizer, atualmente: já foi para o brejo, há muito tempo!
(Rio de Janeiro, 15.2.2007)