A QUESTÃO INDÍGENA
Não existem mais índios, apenas brasileiros ainda tratados como se o fôssem. Deixaram de sê-lo em 1500, quando avistaram a primeira caravela.
Para satisfazer os delírios românticos de sociólogos e teólogos comprometidos com ideologias políticas e religiosas já descartadas pela História, são deixados em “reservas” que, por maior que sejam, serão sempre os lugares onde definharão pouco a pouco, vítimas do abandono, da exclusão, das doenças, dos preconceitos, da ignorância.
Como se isso não bastasse, são vítimas também dos mercenários da biopirataria, travestidos em evangelizadores, cientistas e ONGs de lobos em peles de cordeiros.
A demarcação de “reservas”, em sua definição e estruturas atuais, serve somente aos interesses espúrios, mafiosos, marginais de grupos de indivíduos que visam seus próprios objetivos de lucro material, enquanto fingem lutar em defesa dos indígenas brasileiros e da ecologia planetária.
As gigantescas "reservas" demarcadas em Roraima excedem em muito as necessidades e direitos dos índios daquelas regiões. Além do mais, foram localizadas em fronteiras do Brasil com países vizinhos, resultando daí realidades geopolíticas de conseqüências imprevisíveis e inaceitáveis para a soberania e desenvolvimento de nosso país. Sobretudo, localizam-se as tais "reservas" em fronteiras submetidas a sérios problemas com terrorismo e tráfico de drogas.
É a integridade do território brasileiro e a segurança nacional que estão em jogo e risco! Esperemos que o Supremo Tribunal Federal, prestes a julgar o mérito de tais demarcações, corrija os erros cometidos e estabeleça, de uma vez por todas, os direitos dos índios brasileiros à cidadania plena e à integração inadiável com a civilização da qual, há quinhentos anos, passaram a fazer parte, para o melhor e para o pior, querendo ou não. Quando o Império Romano ocupou a Península Ibérica, os povos da região passaram a ser, em tudo, latinos. Conquistadores de cultura mais adiantada prevalecerão sempre sobre os conquistados. É um fato histórico e só traz prejuízos negá-lo.
(M. de Valença, 25.5.2008)
ALU LALÁ E OS QUARENTA QUADRILHEIROS
O Supremo Tribunal Federal acolheu ontem as acusações feitas pelo Procurador Geral da República, indiciando por crimes de formação de quadrilha, gestão fraudulenta, corrupção ativa e passiva, peculato, evasão de divisas e lavagem de dinheiro, quarenta quadrilheiros do famigerado “mensalão” de 2005.
Entendeu a Suprema Corte que o chefe da quadrilha seria o tal de José Dirceu. Este, no entanto, por diversas vezes declarou à imprensa que “nunca tomou qualquer decisão sem o conhecimento e autorização do presidente da República”.
É muito difícil, mas muito difícil mesmo, aceitar a tese de que o chefe de José Dirceu não tenha tomado conhecimento, como sempre alegou, do que acontecia. Afinal, o presidente estava na sala ao lado à de seu chefe de gabinete e foi o maior beneficiado com a compra, com dinheiro público e privado, de apoio político ao seu governo.
Alegam alguns, ser necessário preservar a “imagem do presidente da República”. Discordo. Acho que se deve preservar, sempre, a imagem da Presidência da República. Se quem ocupa tão honroso cargo faz por desmerecê-lo, deve ser execrado como já foi, por exemplo, o Fernando Collor.
Acreditam outros, num exercício de fé cega, que o presidente da República não teve nada a ver com as falcatruas, roubalheiras, desonestidades às quais se entregaram muitos de seus aliados mais próximos.
Parecem não se dar conta que, se fosse verdadeira a base de sua crença, o presidente seria tão inocente, puro e casto que não deveria, por segurança do povo, ocupar qualquer cargo de responsabilidade, com exceção, quem sabe, o de capelão de criaturas castas, puras e inocentes.
Descoberta a caverna e indiciados quarenta quadrilheiros, resta revelar e punir também seu escorregadio chefe, o “Alu Lalá”. Sem isso, continuaremos sendo um bando de idiotas presididos, na melhor das hipóteses, por um perigoso ingênuo.
(M. de Valença, 29.8.2007)