Chega de anti-isso, anti-aquilo, anti-aquilo-outro! A Humanidade deve dar um basta aos preconceitos, mal de muitas faces, espalhado pelo mundo inteiro.

Devemos promover a guerra final contra esse odioso sentimento, disseminando a idéia do combate ao anti-outrismo, incapacidade de um aceitar o outro, por diferença que não a de Caráter mas de cor, orientação sexual, religião, status social ou qualquer outra.

É preciso que nos lares e escolas as crianças aprendam a respeitar a diferença dos seres, de seus costumes, hábitos e maneiras, sempre que isso não seja reflexo de idéias preconceituosas e usado para desrespeitar os outros. Os homens devem ser medidos por suas Virtudes, somente.

O respeito às idéias alheias não implica, necessariamente, em se concordar com elas. A discordância é, muitas vezes, a mais digna manifestação de respeito à alguém. O importante é que, ao discordar de uma idéia, não cometamos o erro de desrespeitar a pessoa que nela acredita. Devemos ser capazes de separar, e bem, as duas coisas.

As divergências que resultam de preconceitos podem - e o têm feito - levar o homem a agredir o vizinho, o irmão e, em última instância, levar nações à guerra, à destruição, à morte.

Devemos cuidar para que, em momento algum, escapem de nossos lábios palavras que representem, induzam ou, por omissão, alimentem qualquer tipo de sentimento preconceituoso.

Precisamos atentar sempre para que o germe maldito do preconceito não se instale em nossas almas e, de lá, da forma sorrateira e vil que lhe é peculiar, se manifeste através de nossos pensamentos e atos.

Proponho a criação do movimento Pró-Outrismo, forma afirmativa de combate ao seu oposto. O software e a instalação nos corações seriam gratuitos e o programa poderia ser encontrado em servidor universal: www.Razão.nós.

 

 

Na última vez em que estive junto ao meu melhor Amigo, eu não sabia que seria a última vez. A gente nunca sabe. Por isso, tratei-o como se não fosse, como se viessem a existir muitos outros encontros, em nossa vida. Não era para ser.

Se eu pudesse estar com ele, ainda mais uma vez, eu lhe diria o quanto lhe sou grato por tudo que fez por mim, por seu trabalho árduo, de tantos anos, transformado em alimento, roupa, abrigo e educação para mim, meus irmãos e irmãs;

Eu lhe diria o quanto aprendi com seus ensinamentos, com seus exemplos de honestidade, lealdade e bondade, com suas ocasionais zangas justificadas, seus freqüentes momentos de ternura;

Eu lhe diria o quanto me têm valido, até hoje, as bênçãos que derramou, com generosidade de quem ama, sobre meu coração de menino, quando eu lhe pedia e mesmo quando não pedi;

Eu lhe diria que seus conselhos, palavras de sabedoria simples e pura, eu os tenho como farol a guiar meus passos, e que seu Neto os têm escutado de mim;

Ah, se eu soubesse que aquela seria a última vez... Eu não lhe teria dito apenas que, em nossa próxima vida juntos, ele seria meu filho, para que eu pudesse retribuir-lhe, em parte ao menos, todo o bem que ele me fez. Eu o teria também abraçado, e nosso abraço seria tão longo que não teria fim, tão caloroso que jamais deixaria chegar o inverno da separação, que viria meses depois, quando eu estava muito distante.

Eu não sabia... Hoje, resta-me o consolo de ter dado ao meu Filho, seu nome, maneira que encontrei de homenageá-los, aos dois, de aproximá-los, de fazer dele, meu melhor Amigo, Anjo da Guarda também de seu Neto.

Se ao menos eu soubesse... e depois de convencido de que não poderia evitar o adeus, eu teria ajoelhado aos seus pés e pedido, pela última vez, sua bênção. E lhe teria dito: obrigado, Papai!

Barcelona, 17 de outubro de 2004.

 
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