A guerra não produz senhores, apenas escravos, condenados ao ódio, à vingança, à violência. Somente a Paz transforma o Homem em senhor dele mesmo que, de ninguém mais, poderá ser senhor.

 

A guerra não conhece Razão, apenas motivos menores, utilizados por seus defensores como falsos ensinamentos, simulacros de Justiça. Somente a Paz ilumina o caminho do Homem e nenhuma outra Luz poderá fazê-lo.

 

A guerra não gera bons filhos, apenas órfãos marcados pela tristeza, abandono, mágoas e revoltas. Somente a Paz traz consigo o futuro do Homem, que de nenhum outro ventre poderá ser gerado.

 

A guerra não transforma covardes em heróis, apenas os revela - uns e outros, vítimas da mesma estupidez humana. Somente a Paz pode salvar os primeiros e honrar os últimos.

 

A guerra é origem e semente do medo, nunca da coragem. Apenas a Paz traz consigo os frutos do equilíbrio e da felicidade.

 

A guerra não pode ter origem divina, tanto quanto o ódio não nasce do Amor. Apenas a Paz, irradiada dos Templos e Mesquitas, indicará que as Religiões de seus seguidores estão ligadas a Deus, que é Um e de todos.

 

Por isso, escutem, meus irmãos judeus e muçulmanos, que habitam a terra dos filhos de Abraão: todas as vitórias na guerra são derrotas na Paz e não são dignas sequer de uma só gota de sangue derramado nesse conflito fratricida que se prolonga, há tempo demais!

 

Renunciem ao ódio, à vingança, à violência, aos motivos menores, à orfandade, à tristeza, ao abandono, à mágoa, à revolta, à covardia, à estupidez e ao medo.

Deixem de lado os políticos e falsos líderes que lhes apontam o caminho da guerra como solução. Eles podem não saber o que dizem mas certamente sabem o que querem: a ilusão do poder, conseguida às custas do terror que lhes impingem. São cegos pelo orgulho, e não podem ver o futuro. São surdos pelo egoísmo, e não escutam o canto de dor dos que choram os seus mortos.

 

Que o Senhor Deus de Todos Nós ilumine e abençoe cada coração, cada morada em Israel e na Palestina e que lhes revele, assim, o caminho da Paz!

 

Barcelona, Espanha.

 

 

O Tempo nos permite aprender a respeito da gente mesmo, dos outros, da natureza chamada humana. E compreendemos assim que, ao contrário das ilusões comuns e necessárias na infância, ela é extremamente complexa, capaz, às vezes, de fazer conviver em uma única pessoa, grandes virtudes e terríveis vícios, qualidades e defeitos. Uns têm mais aquelas; outros, mais imperfeições; outros, ainda, parecem tê-las em igual quantidade.

Que são Virtudes? Identificá-las exige cuidado pois deverão ser universais e nunca resultado de conceitos servindo apenas a um grupo determinado de pessoas, fruto de ideologias políticas ou teologias menores, tribais. Deverão ainda ser intemporais, capazes de transcender à passagem das épocas, marcadas por costumes, hábitos e maneiras humanas nem sempre virtuosas.

É preciso que tragam, em si, o brilho, a beleza, a suavidade ou a força de um sentimento bom e, por isso, provoquem em quem as observem ou sintam, respeito, prazer e admiração devidos ao que resulta do Bem.

Poderíamos definir "Bem" como o reservatório invisível onde se guardam todas as Virtudes, o Poço de onde o Espírito pode tirar a água com que saciar seu desejo de progresso e elevação, em busca do Divino.

Entretanto, a "divindade" do Homem - que se crê o único animal feito à imagem e semelhança do Criador - em oposição à "animalidade" das outras criaturas, não passa de exercício de megalomania religiosa dos seres humanos. Quem afirma que só estes últimos têm alma, esquece que "alma" vem de "anima", que resultou ainda em "animal". A Razão indica que também os outros "animais" são possuidores de alma e ostentam Virtudes reconhecidas e admiradas, como a Lealdade dos cães.

Se queremos ser capazes de vislumbrar a verdadeira natureza humana, em sua complexidade, precisamos de Humildade para reconhecer que estamos em estágio muito primário, no longo processo evolutivo que aguarda o Espírito.

Sem essa compreensão, seremos como cegos, tentando descrever o mundo.

Barcelona, Espanha.