ASTRO LUMINOSO  

Onde é que você anda, tão longe, tão perto?

Onde você se esconde: no mar, no deserto?

 

Tenho flores, poemas, amor para dar.

São seus os meus segredos, é seu meu cantar.

 

Cometa luminoso que passou tão breve,

por que sua lembrança, tão mansa, tão leve?

 

Quem tem agora, Amor, a luz dos olhos seus?

Seu retrato, calado, sorri para os meus...

 

(Amã, Jordânia, 28.10.1980)
 

A PESSOA QUE EU AMO  

Foi pura magia, o encontro de nós dois:

você olhou dentro de mim e eu me apaixonei por você!

 

No mesmo dia, num outro lugar, o segundo encontro

e um anjo levado sabendo de tudo!

 

Depois, o primeiro sorriso, a primeira palavra,

a inesquecível primeira noite de amor;

os silêncios cheios de revelação, as revelações cheias de afeto;

a descoberta de cada milímetro do seu corpo

pelas minhas mãos, pelos meus lábios;

o piano que encantou você, as músicas que me encantaram;

morango e cereja, dois apelidos;

sua desastrada experiência na cozinha

transformada em jantar a velas e vinho, belíssimo;

as fotos tomadas ao por do sol;

as flores no jardim enfeitando nossa felicidade;

a vila branca, mediterrânea,

 com seus arcos na varanda emoldurando nossas vidas;

você no aeroporto, sob a chuva,

-  inesperado gesto de carinho -

 sorrindo ao me ver, que lindo;

a paixão tão grande que mal sabia aguardar

chegar em casa, para brincar de amor;

os banhos tomados juntos, os sonhos sonhados juntos;

os incontroláveis ciúmes da televisão ligada;

o amor espalhado pela casa, pelos quartos,

 salas, escadas, adega, qual brinquedos de crianças;

a noite junto ao mar, o peixe, o vinho branco,

as ondas quebrando perto, na areia, ao luar;

a manhã despertando em seus olhos,

para minha completa adoração;

as suas curtas ausências

que me deixavam tão triste, tão só;

a luz em seu olhar iluminando meu espírito

e os poemas tentando traduzir, inutilmente,

a beleza do amor que nos unia;

o inverno, minha longa viagem, meu regresso,

a tempestade, nós dois, a música cigana...

 

Eu já não era o mesmo, quando voltei.

Você sim. Você ainda era é e é a pessoa que eu amo!

 

(Amã, Jordânia, 22.10.1980)