Comemoram os cristãos, nestes dias, a Páscoa, a Ressurreição de Cristo, a vitória da Vida sobre a Morte, da Esperança sobre a tristeza de não se ter mais o que esperar.
Bom momento para meditar sobre o tema, da maior importância para todos nós, humanos, cristãos, de qualquer ou sem qualquer outra religião.
A força que move a Vida é a Esperança. É ela que renova nossas forças, ao fim de cada dia; que nos dá energias para levantar, quando caídos, para voltar à luta, quando derrotados.
É ela que se mantém, chama pequenina talvez, acesa e brilhante, a nos guiar na escuridão que nos envolve, em alguns trechos do caminho.
A Esperança de dias melhores, de saúde para os doentes, de alegria para os tristes, de companhia para os solitários, de amor para os que o buscam.
A Esperança de que a gente se eternize nos corações onde nos instalamos, pela Amizade, de que seremos lembrados com carinho, quando ausentes.
Ensina-nos a Natureza que o plantio precede a colheita. Tenhamos a sabedoria de escolher com cuidado as melhores sementes de Esperança, plantá-las com atenção em nossos corações e mentes, cuidá-las com dedicação de bons jardineiros.
No momento preciso, seremos abençoados com a beleza e a alegria de suas flores, seremos alimentados com a doçura de seus frutos.
(Barcelona, 25 de março de 2005.)
Acabo de assistir à apresentação, no “Museo Maritimo de las Reales Atarazanas de Barcelona”, do livro “La Academia de Matemáticas de Barcelona, El Legado de los Ingenieros Militares”, convidado por um de seus autores, Manuel Nóvoa Rodríguez.
Na Sala onde se realizou o evento - um imenso salão de belos e altos arcos de pedra - as muitas pessoas compartiam a alegria de ver surgir um livro.
Ao final dos discursos e retornando à casa, meditei sobre a beleza de se comemorar o parto de um livro. Acima de tudo porque um livro que nasce é como a chama que se acende, um lume com poder de gerar inúmeras outras fontes de luz e calor nos espíritos humanos por ele tocados.
Os livros têm poder da eternidade, se o espírito que os anima, as idéias que representam forem dignas de tal poder. É sempre revolucionário pois, lido, modificará, de uma forma ou de outra, para melhor ou pior, o destino de seu leitor. Devem por isso as palavras - o corpo físico do livro – e as idéias, seu corpo transcendental, serem meritórias de seu destino, de sua missão: fazer os homens mais livres da ignorância, dos preconceitos, da estupidez.
Um livro pode ser escrito, ou não. Há os que moram dentro das pessoas, que são as pessoas onde eles moram. A leitura destes últimos nos enriquece a vida, às vezes, ainda mais do que os outros, apenas escritos. Ambos, no entanto, devem ser cultivados pelos que sabem que se a palavra é o silêncio revelado, o silêncio é a palavra que pensa.
(Barcelona, 17.3.2005)