O ANJO DO NATAL
(Para Bárbara e Luana)
Numa casa pobrezinha,
Era noite de Natal;
Árvore, enfeite, não tinha,
Nem presentes no portal.
Noutra casa, onde a Riqueza
Tinha escolhido morar,
Havia luxo e beleza,
Risos, comida a fartar.
Um anjo, ainda menino,
Decidiu vir passear.
Era inverno, e o pequenino
Quis saber de se abrigar.
A porta da casa em festa
Estava tão bem fechada,
Que somente pela fresta
Pôde dar uma olhada.
Na porta dos pobrezinhos,
Entrou e pôs-se a cantar;
Lá encontrou mais anjinhos
Que o convidaram a brincar!
Se entre os pobres foi bem vindo,
Na outra, nem pôde entrar.
Na Vida, o Natal mais lindo,
É o que nos lembra de Amar!
(Rio de Janeiro, 27.11.2006)
OPUS 19
Filha do outono, poema orgânico de saudade,
intensamente azul,
despenca suave, lágrima única deslizando
na face da brisa e tomba, solitária,
num canto da vida.
A folha seca, azul, azul e azul,
retrata uma alma triste, solitária,
imensamente azul.
(Bangkok, 12.10.1988)