UM RAIO DE SOL

A casa anda vazia.

O quarto, a cama, as paredes

 andam vazios sem tua presença.

 

Eu ando tão vazio pela casa,

recolhendo fiapos de tua lembrança,

teu cheiro nas roupas que esqueceste

e ecos de teu riso criança brincando pelos cantos.

 

Olho o teclado mudo do piano e, como ele, me entristeço

pela falta do carinho de tuas mãos de marfim e seda.

 

Ah, o teu silêncio, a tua ausência

são um raio de sol

na retina de minha tristeza...

 

(Beirute, 8.2.1980)
 

FORAM TEUS OLHOS

Não foi o sol que rasgou

o teto dos meus olhos

e sim  teus olhos que se entreabriram,

explodindo em luz

de que me envolveram.

 

E a tímida manhã, em nosso leito,

transformou-se em irresistível

meio-dia de paixão!

 

(Genebra, 23.1.1980)