FUGA, PARA PIANO E CHUVA
Deve ser a primavera, essa tensão no meu peito,
esse esperar pelo Amor,
esse sorriso brejeiro nos olhos do dia inteiro!
Deve ser a primavera, esse ar macio e morno
acariciando meus desejos,
essa canção que me excita, me embala, me faz dormir,
enfeita meus sonhos e me acorda!
Deve ser a primavera, essa vontade ainda mais forte
de iluminar cada segundo com toda beleza disponível!
Deve ser a primavera ou, então,
eu ainda te amo!
(Beirute, 26.03.1981)
ADEUS
Chorei a dor de amar e ver o Amor anoitecer, calar-se;
o final do sonho mais doce que habitou meu coração andarilho;
o apagar da luz em teus olhos, que iluminavam minha vida;
o medo do vazio que pressinto vai tomar conta dos meus dias e noites;
a solidão que acena por trás do adeus.
Chorei o não entendimento do desencontro que foi o encontro de nós dois;
a tristeza de estender-te as mãos em oferta
e receber, em troca, tua ausência.
Chorei o Amor que parte de minha alma, se esvai pelos meus olhos
e que a vida condenou à morte, lentamente.
(Beirute, 16.3.1981)