CANTIGA DE AMOR
De tal forma te pertenço,
te procuro, te preciso
que, se durmo, és meus sonhos
e, se acordo, meus desejos.
De tal modo não te esqueço,
te venero, te idolatro
que, se vivo, és meu sopro
e, se morro, és meu leito.
De tal jeito me amaste,
de tal forma, de tal modo
que, ausente, estás em mim e
eu só sei ser teu amado.
(Marquês de Valença, 1.9.1981)
OS CANAIS DE AMSTERDAM
Nos canais de Amsterdam
passam tristes folhas secas,
vestidas todas de outono;
passam barquinhos alegres
cheios de gente feliz;
passam patos coloridos
invejando as gaivotas,
que passam por sobre eles,
leves qual flocos de neves;
passam árvores das margens,
imagens verdes nas águas!
Nos canais de Amsterdam
passam as minhas saudades,
lembrar de quem as deixou;
passa teu sorriso meigo,
tua voz, o teu andar;
passam com minha alegria,
de braços com teu olhar,
que passa brilhando, lindo,
como um raio de luar!
(Amsterdam, Holanda, 6.10.1980)