LIDERANÇA E COMPANHEIRISMO

Quando o homo sapiens surgiu nas savanas da África, há cerca de 165 mil anos atrás, seu antecessor, o homo erectus, já se organizava em grupos e tinha seus líderes naturais.  Essa a origem da raça chamada  humana e que hoje congrega cerca de 6 bilhões de indivíduos espalhados pelo planeta.

Além dos primatas nossos antepassados, outros animais maiores, mais fortes e predadores dos humanos determinaram que desenvolvêssemos astúcia quando não éramos sequer mais ágeis.

A natureza, desde suas primeiras e menores manifestações grupais – tomemos por exemplo a molécula que resulta da união de átomos – nos indica claramente sua política de recursos existenciais: é preciso se unir a outros, para sobreviver, evoluir, agir e interagir.

O companheirismo é, portanto, anseio natural no universo. Nos menores átomos e nas  galáxias maiores, a existência nos ensina que é preciso conviver. Naqueles, os nêutrons, prótons e elétrons dançam de mãos dadas e invisíveis, a dança da vida; nestas, as constelações, as estrelas e seus planetas repetem o gesto, em grandeza maior.

As colméias de abelhas, as nações de formigas e tantos outros grupos de seres vivos, reproduzem a lição: a união trará benefícios a todos, desde que cada um cumpra seu dever específico.

Seres mais desenvolvidos, como os lobos em suas matilhas,  ensinam também aos olhos que querem ver, a lição de que a tarefa de dirigir o grupo deve ser confiada ao que for mais hábil. Afinal, o sucesso da caçada e a sobrevivência do grupo dependerá disso.

Entre os primatas superiores, compreendemos isso e a necessidade de achar o líder e de segui-lo, na busca dos nossos objetivos.

 

(M. de Valença, 5.2.2009)

 

A REVOLUÇÃO E A DITADURA

Nas últimas semanas, a imprensa cedeu espaço para a discussão sobre as causas e conseqüências da Revolução de 1964, hábito saudável nos regimes democráticos e nunca tolerado por fascistas ou comunistas.

Desde que a esquerda conseguiu chegar ao poder pelo voto popular e não pela força das armas – como rezam suas defasadas cartilhas bolchev-maoístas – os poderosos da hora tentam impor  seu revisionismo histórico.

Torcem e distorcem os fatos que levaram o Brasil ao 31 de março de 1964, quando a grande maioria da população apoiou a tomada do poder pelas forças democráticas do País. Se os militares foram a linha de frente da Revolução, os civis representaram sua imensa e poderosa retaguarda, insatisfeitos e preocupados com o caminho pelo qual era conduzida a Nação.

Os tempos eram outros e a ilusão comunista ainda arregimentava incautos entre jovens e nem tanto. A utopia socialista, farsa montada numa Rússia do início do século, atrasada, faminta e cansada de seus czares, não deixava ainda visível aos olhos menos críticos sua verdadeira natureza: os senhores do partido das “dachas” e dos palácios jamais deixariam escapar de bom grado e de suas mãos avarentas, o poder  que anunciavam, falsamente, como  sendo “do proletariado”. Só o fariam quando o império soviético, finalmente, implodisse por incompetência  e desgaste das ilusões inventadas, o que se deu na época da queda do  muro de Berlim.

Os brasileiros – civis e militares – que fizeram a Revolução de 1964, uniram-se para impedir que o  País descambasse, como queriam as forças da esquerda, para o completo caos social e econômico. Se o tivessem conseguido – assim rezava sua cartilha “universal” – apareceriam como o poder messiânico para restabelecer a ordem que, hipocritamente, elas próprias teriam subvertido. No trono de falsas czarinas, inventariam as “verdades necessárias" para se perpetuarem no poder. Assim fizeram em todos os países que conseguiram vitimar, com suas lorotas e livrinhos vermelhos. A Revolução foi, portanto, uma reação do Povo –  militares  e civis – em defesa da Democracia.

Feita a Revolução, os discípulos de Moscou, Pequim, Tirana e Havana, passaram da baderna ideológica à luta armada, aos assaltos a bancos,  seqüestros e assassinatos, com o que pretendiam alcançar seu objetivo que não foi nunca a Liberdade e a Democracia mas sim a implantação de um regime ditatorial comunista. Às forças da Revolução não restou alternativa senão responder, à altura, aos planos nefastos dos seguidores de Stalin. Houve excessos? Certamente e tão graves quanto as atitudes combatidas.

Desgraçadamente, a medusa do Poder acabaria por enfeitiçar aqueles aos quais a Revolução confiara a tarefa de devolver a Democracia ao Brasil. Embriagados pelos vinhos fartos dos palácios, iludidos pelos cantos de sereia dos bajuladores, corrompidos pela atração às fortunas que deviam proteger, os traidores da Revolução se transformaram em arremedos daquilo que tinham se comprometido a combater: ridículos ditadores.

Traída a Revolução, implantou-se a ditadura, com direito à certidão de nascimento: o AI 5. Podre, como toda ditadura de esquerda ou de direita, acabou caindo ao chão da História, onde são desprezados os restos das mentiras e germinam, imbatíveis, as sementes da Verdade.

PS. O Autor apoiou a Revolução e, frente à ditadura, filiou-se ao partido da oposição, o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), pelo qual, na época, candidatou-se a vereador em seu Município.

 

(M. de Valença, 22.12.2008)