UMA PRAÇA EM ATENAS E O JARDIM DE CIMA.

As Olimpíadas na Grécia chegam ao fim! Viva Pequim! Mas não é disso que quero falar. É de uma praça em Atenas, chamada Syntagma. Está em frente ao Parlamento grego, é um pouco inclinada, tem um belo chafariz e, naturalmente, fica em uma das cidades mais visitadas no mundo. Nem isso explicaria a extraordinária afluência de pessoas, de todo o planeta, que a visitam e nela passam horas seguidas. Afinal, há outras praças em Atenas e não têm, como aquela, tantos freqüentadores. Qual o seu segredo?

Visitei-a várias vezes, em minhas idas a Atenas. O segredo de seu sucesso é simples: ao redor da praça, vários restaurantes e bares e, em suas alamedas, mesas e cadeiras, protegidas por toldos coloridos, onde os turistas podem almoçar, jantar, tomar um vinho, café, cerveja ou refrigerante, conversar, admirar o mundo, que vai e vem, ante seus olhos! As refeições e bebidas são servidas pelos garçons dos restaurantes e bares do local.

E o que tem nossa Marquês de Valença a ver com isso? Ué, a vocação de nossa cidade e município não é também o turismo? Pois, então! O nosso Jardim de Cima ficará lindo e atrairá não só os valencianos como os visitantes, se oferecer os mesmos serviços da praça Syntagma, em Atenas. Os comerciantes interessados devem ser incentivados a investir no negócio, que trará grandes e seguros lucros, a médio e longo prazo.

E saibam que a bela praça grega não tem um tesouro como o nosso Jardim de Cima tem: o Coreto! Nele, nos fins de semana, as Bandas de Marquês de Valença deveriam se instalar e oferecer Música ao Povo.Talvez, no início, haja pouca afluência de pessoas, por desconhecimento. Quando se torne tradicional, tenho certeza de que muita gente comparecerá.

A indústria turística é reconhecida, no mundo inteiro, como a forma menos poluente e mais proveitosa de criar empregos e gerar benefícios para a comunidade que a instale. Devem, o poder público e a iniciativa privada, se unir e traçar um plano comum nesse sentido pois, somente com a infra-estrutura necessária e de qualidade, conseguirá nossa cidade atrair, receber e criar em seus visitantes o desejo de voltar.

 

(Barcelona, 2.10.2004)

 

DEUS, NÃO É.

Se Deus existe e é o Criador de todas as coisas, todas as coisas "são' porque foram criadas, e Deus não "é", por não ter sido. "Ser" expressaria qualidade ou atributo de suas criaturas, somente.

Não sendo, escaparia às leis da Física, que regem apenas o que é. Qualquer tentativa de defini-Lo, medi-Lo, pesá-Lo ou mesmo imaginá-Lo seria, por conseqüência, inútil. Querer compreendê-Lo resultaria, também, inconseqüente e só menos tolo do que tentar explicá-Lo, utilizando o racional do Homem, recursos filosóficos ao seu alcance.

Revela-se a não necessidade de "ser" para "existir" e a idéia de que a Existência transcenderia à Vida - como a conhecemos -  estaria além de todos os parâmetros estabelecidos pelo Conhecimento.

Resulta, ainda, do mesmo pensar, a obrigação de reavaliar nosso relacionamento - enquanto criaturas - com o Criador, colocando sob a luz deste enfoque, os mecanismos adotados pelo Homem para explicar "Deus" a si mesmo: as religiões.

As instituições religiosas são, por vocação e interesse, agrupadoras de indivíduos, mas nenhuma delas conseguirá oferecer solução igual para os problemas de mais de um fiel. Simplesmente porque nenhum fiel é igual a outro e, portanto, cada um deles tem necessidades espirituais diferentes. O verdadeiro encontro com Deus, pelo Homem, seria sempre individual e jamais coletivo.

Tudo indica que o Templo Maior não é feito de pedras, madeira, cimento, mármore e ouro. Existiria no interior de cada Ser e, para descobri-lo, seria obrigatória a viagem para dentro de si mesmo, até onde uma pequena chama de Compreensão ilumina, suavemente, um Portal. Além desse ponto, em meditação e absoluta paz, espera o Ancião, Zelador da Memória e Senhor do Farol. Sábio, ensina apenas o que o aluno está apto a aprender. Nem mais, nem menos.

De uma dessas visitas, trouxe comigo as palavras com que o "meu" Ancião - pois que cada um tem o seu - se referiu Ao Que Existe: "Quando Deus pensa, o faz através da Matemática; quando fala, utiliza a Música; quando sente, o Amor; quando sonha, a Esperança; quando acorda, a Luz das Estrelas; quando respira, a Vida! Algumas vezes, penso que, se Ele pudesse esquecer que é Deus, lembraria o Homem. Felizmente, Ele nunca esquece." Nada mais disse, nem lhe perguntei, naquela vez.

 

              (Barcelona, 2.10.2004)