CANTIGA PARA UMA FLAUTA
Não teceria mais versos
para exaltar o Amor que sinto por ti.
São tão rudes minhas mãos...
Deixaria que os pássaros falassem do nosso encontro;
que o riacho festejasse teu sorriso manso;
que duas gotas de orvalho e
um raio de sol, amanhecendo,
lembrassem os teus olhos;
que a tempestade mais forte imitasse nossa paixão,
e a brisa mais suave, teu corpo repousando
em meu corpo, exaustos, felizes!
Não falaria mais do meu Amor por ti.
Eu te amaria, apenas.
Se ao menos essa flauta silenciosa
que é a Solidão, se calasse...
(Beirute, 7.8.1982)
VOLTEI
Amor, voltei por ter jamais partido;
porque você foi a sombra triste do meu coração,
que se perdeu longe do seu sorriso, dos seus olhos;
porque me senti só
(a solidão, Amor, me fez chorar e
trouxe o inverno em minha vida);
porque não suportei sua ausência em mim.
Voltei, Amor, após o tempo de nascer,
para encontrar seus olhos ausentes,
e seu sorriso, ido.
(Beirute, 17.5.1982)